E enrolando o rock seguem mais algumas pérolas.
01. 1917 Original Dixieland Jass Band - Dixieland One-Step.
Eis a primeira gravação de um jazz. Aliás o nome da banda ora está escrito com dois "s", ora com dois "z". Mas “geralmente” se escreve com “g”. Hahaha... Sei lá se tanto faz; mas o som dos insígnes e preclaros senhores é de se reverenciar.
02. 1918 Marion Evelyn Cox and Vernon Dalhart - Missouri Waltz.
Sabe lá o que é isso?! Uma gravação feita num "Edson Cylinder", para ser tocado num fonógrafo de Edison. A gente até consegue ouvir!!... que maravilha!! Que dueto... Nem rádio existia! Nem cinema sonoro...
03. 1922 Trixie Smith & The Jazz Masters - My Man Rocks Me (With One Steady Roll).
Aqui o original da música que postei na primeira parte. Não tem a "malícia", nem os orgasmos múltiplos e ininterruptos de Half Pint, mas mostra a que veio. Afinal, quando uma garota diz "my man rocks me"... Oh man, rock her. Tá certo?
04. 1926 The Stonemans - Little Old Log Cabin In The Lane.
Um pouco de country music não faz mal a ninguém, ao contrário. Sinceridade? Não acredito que essa gravação seja de 1926; mas acredito que tenha sido feita nessa época... e sem muitas diferenças no arranjo ou instrumentos utilizados. Aqui você encontra a dedicatória da letra original "To George J. Cowan, Louisville, KY: 'The Little Old Cabin in the Lane' (1871), As Sung by Manning's Minstrels. Words & Music by William Shakespeare Hays, 1837-1907". O fundador dos Stonemans, Ernest Van "Pop" Stoneman, surgiu na mesma época que The Carter Family e Jimmie Rodgers, em 1927. O grupo original era formado pela sua família com... 14 filhos!
05. 1928 Roger Wolfe Kahn & His Orchestra - Crazy Rhythm.
Não há dúvida de que se trata de um original; deliciosamente original. O velho charleston, aquele ritmo louco... Dance, Betty Boop, dance...
06. 1933 Mills Brothers - Smoke Rings.
Ei-los novamente, numa peça instrumental. Faz-me lembrar daqueles ótimos “requintos” dos conjuntos folclóricos de música paraguaia. E a febre pela música latina só viria na década de 40 (embora Carmen Miranda já desse “as caras” pela época. Mas Carmen Miranda é portuguesa, né? E “samba” do Caimy não é musica latina, né?)
07. 1944 Jazz at the Philharmonic - Blues, part 2.
Há quem considere esta música a primeira gravação do “ritmo” rock'n'roll. Bem, mesmo como primeiro rhytm'n'blues já tá valendo... Mas não é difícil concordar.
08. 1945 Roy Rogers & Sons Of The Pioneers - Along the Navajo Trail.
Hi-Oh, Silver!! Um pouco de calma nessa estrada… E o arranjo vocal dos Pioneers são um primor de bom gosto. O trio mexicano Los Panchos, entendiam muito disso também (na minha ridícula opinião, com arranjos até mais elaborados). Não estarei forçando a barra, não, ao dizer que um produtor inglês buscou nessas fontes os arranjos vocais para seus 4 músicos iniciantes... Mas isso, também, é história...
09. 1946 Bob Wills and his Texas Playboys with The McKinney Sisters - Hawaiian War Chant (Ta-Hu-Wa-Hu-Wai).
A proliferação (ui) do uso da guitarra havaiana pela country music deu ótimos frutos nas décadas seguintes. Achei um bela mistura de ritmos – folk, havaiano – e as irmãs McKinney estão se divertindo um bocado. E cantando no dialeto havaiano!!
10. 1947 Wild Bill Moore - We're Gonna Rock, We're Gonna Roll.
Mais um proto-rock’n’roll de primeira. Será que Chuck Berry usou alguma coisa daqui para fazer “Roll over Beethoven”?
11. 1948 Arthur Smith and his Crackerjacks - Guitar Boogie.
Esse boogie de guitarra eu adorei. Parece ser um dos primeiros. Mais um clássico
12. 1948 Bill Haley & The Four Aces Of Western Swing - Candy Kisses.
Olha o Bill aqui de novo!! Só que antes do Sandlemen. E bem mais country que rock. Me faz lembrar do Elvis em suas levadas de country. Será que o Bill buscou o estilo do Elvis para cantar essa? Acho que não, afinal, em 1948 o Elvis chacoalhava menos a pélvis...
13. 1948 John Lee Hooker - Boogie Chillen.
Silêncio, crianças..! Coisinhas e coisinhos, ei-lo: Mr John Lee Hooker!! Onde estavam Steve Ray Vaughn, Clapton, Page, Towshend, Beck, nessa época?
14. 1948 Pee Wee Crayton - Blues After Hours.
Que delícia de blues. Pra mim a guitarra está na medida. Gostaria de oferecer esta para os guitarristas que freqüentam o blog, o Luiz Stanley, o mano Edson D’Aquino, e Celso Blues Boy... (vai fazer média assim lá na casa do caralho!!).
15. 1949 Doris Day, George Siravo's Orchestra - Bluebird on Your Windows.
Doris Day, para quem não sabe fez um dos pares amorosos mais famosos de Hollywood, com Rocky Hudson. A loirinha estava mais para namoradinha da América (sempre a deles). Mas aqui está numa pegadinha de proto-rockabilly. Mas a danada sempre cantou muito bem. Com aquela brancura Omo e aquele sorriso Kollynos (ops, Sorriso...).
16. 1949 Fats Domino - The Fat Man.
Falar o quê de Fats Domino. O próprio Elvis, ao afirmar que o rock’n’roll aparecera (oh) muito antes dele, disse também que jamais poderia cantar como o Fats Domino... Essa música também disputa a “paternidade” do rock’n’roll.
17. 1949 Louis Jordan and His Tympany Five - Saturday Night Fish Fry.
Isso não é um proto-rockabilly? Mas o cara mais fala que canta. Seria um proto-hap-arcaico!!? E o final? Zuzuis!!... (Liga não, moçada: o Delta9 viaja mesmo.).
18. 1949 Professor Longhair - Hey Little Girl.
Esse Longhair... Além de uma das “cabeleiras” mais bonitos do blues (!!), ainda lança um estilo todo próprio de tocar piano. Fez escola. Gosto demais de ouvir suas músicas. Têm uma malandragem… Como teria dito o Cauby Peixoto: “manda, Professor…”.
19. 1950 Ames Brothers - Music, Music, Music.
Mais um grupo de country. A gente vai vendo a diferença – às vezes nem tão sutil assim – entre as interpretações e construções melódicas, a pegada... Mas tudo é divino... tudo é maravilhoso!!
20. 1950 Blue Barron Orch - Are You Lonesome Tonight (w Bobby Beers & Blue Notes).
Que bela interpretação de Bobby para uma canção. E que belo cover, aquele do Elvis. E a declamação?! Quantas músicas não vieram em seu rastro… Mas alegre-se: o mundo é bom... não quero ver você triste assim.
21. 1950 Eileen Barton - If I knew you were coming I'd've baked a cake.
Um pouco de vaudeville? Boogie-woogie? Charleston? Tá tudo valendo. Nada que Bonzo Dog Band (especialmente) e New Baudeville Band, não fariam nos anos 60, com muito sucesso…
22. 1950 Hardrock Gunter - Birmingham Bounce.
Primeiramente, a base de guitarra é legal. Talvez até tenha servido de inspiração para um Peter Dennis Blandford Townshend adolescente com espinhas no nariz (ouch! Haja espinhas!!). Mas a linha final da melodia, me lembra muito Sixteen Tons.
23. 1950 Nat King Cole and Nellie Lutcher- For You My Love.
Eu estava mais acostumado à belas canções românticas de Nat; mas aqui ele manda bem. Afinal, o cara estava sempre a novas experimentações... gravou até bolero em espanhol (e muuuito bem). Nellie Lutcher foi destacada nos anos 40 e referência para Nina Simone (que mais). Nellie criou um estilo muito próprio. Se você arrasta uma perna pelo jazz tem que conhecer...
24. 1951 Dr. Isaiah Ross - Dr. Ross' Boogie
Escuta isso! O som ta distorcido? Não é probs na gravação e nem na ripagem. É assim mesmo! Dizem que quando os caras foram gravar (tudo num take só, todo mundo junto, aqueles coisas) furaram o alto-falante da caixa de som da guitarra ao transportarem. Eles iam trocar, quando Dr. Isaiah disse para deixar que o som tinha ficado bom daquele jeito. Que tal? A primeira guitarra gravada com distorção!!
25. 1951 Bill Haley - Green Tree Boogie.
Aqui o rockabilly de Bill ainda tem muitas influências no country, com solos de guitarra havaiana...
26. 1951 Jackie Brenston & his Delta Cats (with Ike Turner) - Rocket 88.
Aqui uma das mais indicadas a ser a primeira gravação de rock’n’roll da história. Na postagem anterior eu já havia mencionado essa música. Realmente, ela foi muito inspirada em Cadillac Boogie. E você, o que acha? Quem vai para o trono entre ela e Rock Around the Clock (de 1954, sucesso estrondoso em 1955), como primeira gravação do rock. Ou That’s all right Mama, com o Elvis?
27. 1951 Leroy Anderson and his Orchestra - The syncopated clock.
Alguns estudiosos asseguram que a marcação de compasso dessa música, especialmente o “relógio dessincopado” teriam influenciado Bill Halley em sua Rock Around the Clock. É uma das peças mais tocadas nas escolas do EE.UU. Ou teria sido. Ao menos foi a informação que encontrei. Sinceridade? Eu não a conhecia… e gostei.
28. 1951 Les Paul and Mary Ford - How High The Moon.
Não bastasse a deslumbrante guitarra de Les Paul, ainda temos a primeira gravação em multitrack e que foi apresentada “ao vivo” com o gravador, em programa de TV dos EE.UU. Mary Ford faz todas as vozes, backing vocals etc. Richard e Karen Carpenter mostraram-se geniais nisso. Óbvio que qualquer guitarrista já deve (ou ao menos deveria) ter ouvido esse clássico de Les Paul and Mary Ford. Dever de casa...
29. 1952 Frankie Laine & Jo Stafford – Hambone.
Frankie Lane, é "apenas" chamado de "cantor americano número um". É considerado o maior cantor americano do século XX (na minha opinião desprezível, sou mais o Bing Crosby até que o Frank Sinatra). Entre outras coisas, ele gravou uma versão para Sixteen Tons. A jazzística Jo Stafford, além de lindíssima, canta que é uma beleza. Eles estão ótimos nessa animadíssima Hambone.
30. 1952 Lloyd Price - Lawdy Miss Clawdy - feat. Fats Domino (on piano).
Quase chorei ao ouvir essa versão. Que interpretação, que timming. Fats no piano... Mais um grande sucesso que o Elvis regravou. Ouvindo essas gravações originais a gente pode entender porque o garoto cantava como um negro...
31. 1952 Tiny Bradshaw - Train Kept A Rolling.
Que pérola! Talvez não precise lembrar, mas The Yardbirds fizeram um cover que praticamente reinventou essa música. Mas ela está aqui, toda ela... Insisto: pesquisemos as raízes do rock. Olha que maravilha que aqueles moleques d’além mar fizeram com esse diamante bruto.
32. 1953 Big Joe Turner - Honey Hush.
Esse senhor é fundamental para o rock’n’roll. Não poderia faltar essa aqui. Hi, oh... hi, oh, Silver!! Em 14/12/1999 alguns garotos que não tinham coisa melhor para fazer (Paul McCartney, David Gilmour, Ian Paice, Mick Green e Pete Wingfield), fizeram um show no Cavern Club para 300 pessoas (e transmitido ao vivo para centenas de milhões de pessoas pela Internet). Virou CD e DVD, óbvio. Um dos pontos altos foi a versão dessa música...
33. 1953 Ray Charles - Mess Around.
Aqui o Ray mostra-nos o que é uma sábia e original versão para uma ótima música. Ouçam Pine Top’s Boogie Woogie, de 1928, com Pinetop Smith (de quem o Pinetop Perkins pegou o nome), na postagem anterior. Uma maravilha de Ray Charles.
34. 1953 Willie Mae 'Big Mama' Thornton - Hound Dog.
Olha a Big Mama aí, geeeeente!! Essa negona canta demaaaais. O Elvis só poderia fazer sucesso com todos aqueles covers, estudando numa escola dessas. Qualquer associação a Mess Around, do Ray Charles seria mera coincidência? Gostei dos cachorrinhos, ao final. Adoro essas cachorradas...
35. 1954 Sonny Dae & His Knights - Rock Around The Clock.
Essa versão talvez você não conheça. Mas foi uma das primeiras. Mais suave… sem a “selvageria” dos Comets, que incendiaram os cinemas. Aliás, não fosse o filme Blackboard Jungle (Sementes da Violência), de 1955 (é a música de abertura do filme), a versão do Bill Halley não teria estourado como estourou, caso você não saiba.
36. 1957 Bob and Earl - Harlem Shuffle.
Certamente você já ouviu essa. Eu já gostava com os Stones, mas adorei a original.
36. 1951 Sonny Boy Williamson II - Eyesight to the Blind.
Tá fora da ordem cronológica, mas valeu. Talvez você não tenha tido dificuldade em encontrar, mas eu sim. Sempre busquei essa música (talvez tenha buscado errado, tudo bem). Mas a encontrei! Com o rei da harmônica: Sonny Boy Williamson II (pois para Aleck "Rice" Miller - nome de batismo do cara - o primeiro e único Sony Boy Williamson foi John Lee Williamson. Aliás, o Rice, usava muitos nomes além desse: Willie Williamson, Willie Miller, Little Boy Blue, The Goat and Footsie (pode? Bom, ele pode). Há uma belíssima versão do Eric Clapton para o filme Tommy, baseado na ópera rock homônima (adoro essas palavras!) do The Who. Ela não faz parte da ópera original e somente na versão do filme ela está inserida (naquele trecho em que a mãe leva O Tommy para uma igreja, onde a unção é feita com LSD e whiskey, e a madona – sem trocadilhos – é a Marilin Monroe!!). Que diferença do original. Que tão boas são as duas versões, cada qual com seu qual...
Taí, moçada: mais um monte de “velharias”! Mais algumas pérolas dos avós do rock and roll... esse menino tão sabido.
(senha: undiverso)
É isso.
Delta9.
Delta9.